Atrás deste simpático casal e desta vetusta câmara fica uma aprazível zona de sombra, fornecida por uma frondosa árvore, onde esteve por mais de uma hora um carro patrulha da PSP, fugindo assim ao sol abrasador que hoje se fez sentir.
Ambos os agentes, um homem e uma mulher, são meus conhecidos desde o início das minhas idas regulares ao Jardim da Estrela e são elementos do programa “Escola Segura”. Ambos simpáticos e agradáveis no trato. Em havendo possibilidade, de parte a parte, damos um pouco à língua.
Pois estávamos, ele e eu, à conversa junto ao carro, quando surge uma avó. Pelo menos tinha idade para isso. E uma energia de movimentos que explicava a agilidade com que abordou o carro patrulha. Mas com uma mentalidade que parecia ser bem mais antiga que a idade que aparentava. Algures bem atrás, em meados do século passado.
Vinha ela queixar-se que na relva, naquela zona aqui meio escondida e ao sol atrás das árvores, estavam duas raparigas deitadas, uma em cima da outra, aos beijos na boca e outros maneios.
Pelo que me foi dado ver, pois que ouvi a queixa, não havia um centímetro de pele visível a mais que o que se espera ver em gente daquela idade e com o calor deste dia. Aliás, tinham mais pele tapada que muitas dondocas, algumas da idade da queixosa, quando vão a festas muito in, muito jet-set.
Pois a avozinha queixava-se que aquilo era uma pouca-vergonha, que não havia direito nenhum, como iria explicar aquilo às suas netas que estavam a ver…
A agente que estava no carro, a tratar de papelada, lá se levantou e, com bastante calma, foi falar com as mocinhas em questão. Esteve uns minutos por lá, numa conversa que àquela distância me pareceu afável, e regressou com um sorriso na cara. Enquanto que as garotas, que não teriam mais que 15 ou 16 anos, se juntavam a amigas que por ali estavam.
Ficou a conversa sobre a homossexualidade e a sua liberdade, bem como se a avozinha teria apresentado queixa se se tratassem de um rapaz e uma rapariga. O que, aliás, é comum ali ver, como em muitos outros jardins por este mundo fora.
Desta história o que retiro é que, apesar de estar extinta há muito a polícia de costumes, que fiscalizava o bom comportamento moral dos portugueses, basta haver uma queixa sobre um eventual atentado à moral pública e as forças de segurança actuam. Ainda que a moral em causa seja a de uma avozinha que, a bem da população e da paz social, não deveria ser autorizada a sair de casa para que não pudesse incomodar os demais cidadãos. A bem da liberdade de pensamento e de acção!
Agora, contada a história, podem perguntar o que esta imagem tem a ver com o relatado.
Com toda a certeza que não estavam à espera que eu fotografasse, e menos ainda que exibisse, os intervenientes no sucedido. Não apenas não o autorizariam como seria uma intromissão da minha parte.
Mas esta fotografia foi feita uma meia hora depois do contado, por um passante e a pedido, e é tão surpreendente como o atrás descrito.
Quem esperará ver, em pleno coração de Lisboa, Portugal, uma estudante Tailandesa? Menos ainda que se queira fazer fotografar por uma caixa de madeira com objectiva. E muito menos que queira ficar com uma outra imagem, desta feita junto com o fotógrafo. E eu, aproveitando o ensejo do passante, quis fazer uma com a câmara de bolso, que por acaso até anda no meu cinto. Esta!
Duas situações insólitas em meia hora e sem sair do meu lugar, entre o portão e o coreto.
Texto: by me
Imagem: by um estranho
Ambos os agentes, um homem e uma mulher, são meus conhecidos desde o início das minhas idas regulares ao Jardim da Estrela e são elementos do programa “Escola Segura”. Ambos simpáticos e agradáveis no trato. Em havendo possibilidade, de parte a parte, damos um pouco à língua.
Pois estávamos, ele e eu, à conversa junto ao carro, quando surge uma avó. Pelo menos tinha idade para isso. E uma energia de movimentos que explicava a agilidade com que abordou o carro patrulha. Mas com uma mentalidade que parecia ser bem mais antiga que a idade que aparentava. Algures bem atrás, em meados do século passado.
Vinha ela queixar-se que na relva, naquela zona aqui meio escondida e ao sol atrás das árvores, estavam duas raparigas deitadas, uma em cima da outra, aos beijos na boca e outros maneios.
Pelo que me foi dado ver, pois que ouvi a queixa, não havia um centímetro de pele visível a mais que o que se espera ver em gente daquela idade e com o calor deste dia. Aliás, tinham mais pele tapada que muitas dondocas, algumas da idade da queixosa, quando vão a festas muito in, muito jet-set.
Pois a avozinha queixava-se que aquilo era uma pouca-vergonha, que não havia direito nenhum, como iria explicar aquilo às suas netas que estavam a ver…
A agente que estava no carro, a tratar de papelada, lá se levantou e, com bastante calma, foi falar com as mocinhas em questão. Esteve uns minutos por lá, numa conversa que àquela distância me pareceu afável, e regressou com um sorriso na cara. Enquanto que as garotas, que não teriam mais que 15 ou 16 anos, se juntavam a amigas que por ali estavam.
Ficou a conversa sobre a homossexualidade e a sua liberdade, bem como se a avozinha teria apresentado queixa se se tratassem de um rapaz e uma rapariga. O que, aliás, é comum ali ver, como em muitos outros jardins por este mundo fora.
Desta história o que retiro é que, apesar de estar extinta há muito a polícia de costumes, que fiscalizava o bom comportamento moral dos portugueses, basta haver uma queixa sobre um eventual atentado à moral pública e as forças de segurança actuam. Ainda que a moral em causa seja a de uma avozinha que, a bem da população e da paz social, não deveria ser autorizada a sair de casa para que não pudesse incomodar os demais cidadãos. A bem da liberdade de pensamento e de acção!
Agora, contada a história, podem perguntar o que esta imagem tem a ver com o relatado.
Com toda a certeza que não estavam à espera que eu fotografasse, e menos ainda que exibisse, os intervenientes no sucedido. Não apenas não o autorizariam como seria uma intromissão da minha parte.
Mas esta fotografia foi feita uma meia hora depois do contado, por um passante e a pedido, e é tão surpreendente como o atrás descrito.
Quem esperará ver, em pleno coração de Lisboa, Portugal, uma estudante Tailandesa? Menos ainda que se queira fazer fotografar por uma caixa de madeira com objectiva. E muito menos que queira ficar com uma outra imagem, desta feita junto com o fotógrafo. E eu, aproveitando o ensejo do passante, quis fazer uma com a câmara de bolso, que por acaso até anda no meu cinto. Esta!
Duas situações insólitas em meia hora e sem sair do meu lugar, entre o portão e o coreto.
Texto: by me
Imagem: by um estranho
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