Luzes e retratos


Aquele casal não ficou lá muito satisfeito com a fotografia. Pelo menos ela.
Vinda do outro lado da Europa, o companheiro luso perfeito e o pimpolho, pelo nome, pela idade e pela fluência da língua dela, nascido por cá.
Devo confessar que eu mesmo não estava lá muito satisfeito também, que a luz mudava rapidamente, pelo rodar dos ponteiros e pelo chegar de nuvens.
Mas o olhar triste com que ficaram com o plano inteiro da praxe, com o rebento nos braços e a árvore em fundo, foi de me quebrar o coração e não resisti.
Derrubando as regras (que existem para serem derrubadas), saquei da reflex do saco e fiz um próximo bem aconchegado aos três, com a luz mais “à maneira”. Isto mesmo em frente à audiência, que assim iria descobrir o “segredo” da impressão, já que teria que tirar o cartão desta para o colocar lá dentro, na caixa de madeira. Mas os que estavam em redor já eram conhecidos e já sabiam o que por ali acontece.
Entregue a fotografia, a satisfação do retrato patente nos seus olhos e a forma como estes dançavam entre a criança no papel e a criança nos braços, alegrou-me a tarde e, pudesse eu, mandaria passear as nuvens.
Pelo menos nos corações foram!
Texto e imagem: by me

Nenhum comentário:

Postar um comentário